sábado, 30 de dezembro de 2017

Se a minha avó tivesse rodas...

Tenho sempre alguma dificuldade em processar a expressão "Se a minha avó tivesse rodas era um camião." Há várias coisas que não batem certo. A ver:
- Que circunstâncias da vida levariam alguém a substituir os membros, ou parte deles, por quatro pneus da Michelin? Se me sugerissem isto num hospital ("Olhe, Senhor Pedro, você pisou uma mina, o cenário é complicado, mas podemos meter-lhe meia dúzia de rodas, um atrelado e um aparelho da Via Verde na testa.."), eu se calhar achava estranho...
- Mesmo que a velhota tivesse, vá, quatro rodas, não ficaria a faltar um atrelado e uma cabine? Em que parte da idosa é que se pendurava um calendário com uma gaja descascada e uma chapa de matrícula com o apelido dela?
Vamos lá a refletir sobre estas questões, se faz favor. Não quero que entrem em 2018 com a mesma ignorância.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Não é que o pinhão esteja caro, mas...

O pior aconteceu. Ontem, enquanto comia a sétima fatia de bolo-rei ao lanche, o meu lábio superior embateu desajeitadamente num pinhão, acabando por projectá-lo na direcção do chão. Observei-o a cair, em câmera lenta, enquanto na minha mente ia ecoando um profundo “Nãããããããoooo!!!”
Antes que tivesse tempo de me debruçar para o apanhar, já dezenas de pessoas se digladiavam por ele, transformando aquilo que eu apenas desejava que fosse um lanche tranquilo, numa batalha campal sem precedentes. Sangue, fracturas expostas, dentes partidos, hematomas: em menos de um minuto já havia de tudo, por parte de gente que apenas desejava um futuro melhor para si e para os seus.
O pinhão, esse, nunca mais o vi. O que vi foi, de repente, hipotecadas todas as minhas esperanças num resto de vida desafogado.
E se fosse contigo?

domingo, 10 de dezembro de 2017

Tempestades em Copos de Água

- Estás despachada, Ana?
- Dá-me 5 minutos…
- Ok.
- (…)
- Então Ana, já estás?
- Dá-me 5 minutos…!
- Disseste isso há 15…
- NÃO ME ENERVES!
- Mas o que é que se passa…?
- NÃO TENHO NADA PARA VESTIR!!!
- Estou a olhar para o armário e parece-me que tens bastante roupa…
- NÃO GOSTO DE NADA!
- A sério? Nem daquele vest…
- …E JÁ NADA ME SERVE!!!
- Pois. Isso já é outra conversa…
- ESTÁS A INSINUAR QUE ESTOU GORDA?!
- Não, Ana. Não estou a insinuar nada.
- AS TUAS AMIGUINHAS SÃO MAIS MAGRAS, É?
- Olha pronto. Lá vêm as “amiguinhas”…
- JÁ NÃO VOU JANTAR FORA!!!
- Então porquê?
- DEIXA-ME!
- Vais parar com isso…?
- CONVIDA UMA DAQUELAS PUTÉFIAS ESCANZELADAS LÁ DO TEU FACEBOOK…!
Moral da história: nem todas as Anas são tempestades, mas todas gostam de as fazer. Em copos de água.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Pequeno-almoço na cama

- Amor…
- Hum…?
- AMOOOOR…!
- Hum…? Diz Diana…
- ACORDA!
- Então? O que se passa?
- Tenho fome.
- Ok. 
- Amor…?
- (…)
- AMOOOOR! Acorda! Podias ir fazer o pequeno almoço…
- (.|.)
- …e trazê-lo à cama…
- (.|. .|.)
- Vá lá... Apetece-me comer torradas!
- Não temos pão, Diana.
- Podias vestir-te e ias à rua comprar…
- (.|. .|. .|.)
- …e depois fazias as torradinhas...
- (.|. .|. .|. .|.)
- …e trazias à caminha…
- (.|. .|. .|. .|. .|.)
- …à tua Dianinha!
- É. Ou então a minha Dianinha podia comer uma pouca de merdinha e deixava-me dormir…
- O QUE É QUE DISSESTE?!?!?!
- Nada amor. Vou lá ao pão então. Até já.

Moral da história: Todas as Dianas têm a mania que são princesas. (E todos os homens são uns Santos.)

Está fresquinho..

Se não fossem as reportagens a ensinar a lidar com o frio, não sei o que seria da minha vida. Então o "segredo" para quando está frio é uma pessoa manter-se quente...? Ele há coisas... Ainda hoje de manhã tinha saído de casa em calções de banho, tronco nu e chinelos, e de facto achei estranho ter ficado com pele de galinha assim que meti os pés na rua. Agora a sério: eu não mijava há dois dias só para não ter de lavar as mãos com água fria, por isso até agradeço a dica de "usar luvas". Faz todo o sentido.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Obrigado, Ambrósio!

Andava há dias para escrever uma publicação sobre o facto da limousine do Ambrósio ser “mais velha que o cagar em França”, já que a matrícula começa por FR (letras à esquerda). Já tinha duas ou três ideias para desenvolver o tema: iria questionar como é que aquela “carroça” ainda passava na inspecção, e o porquê de uma senhora toda chique andar a “satisfazer o desejo de requinte”, em 2017, a mamar Ferreros numa carrinha Mercedes que foi construída para aí em 1775. Mas depois deu-me uma luz e.. preparem-se… afinal “FR” são só as iniciais de Ferrero Rocher. Estive eu três dias a pensar naquela merda para nada. Obrigado, Ambrósio! És um génio do Marketing, meu sacana.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Cadeados do Amor

Sabem aqueles cadeados que os casalinhos apaixonados metem nas pontes..?

- Estou, Raquel..?
- Já te pedi para não me ligares..
- Mas é importante!
- São 2 da manhã e nós já acabámos há mais de dois meses..
- Lembras-te da viagem que fizemos o ano passado?
- Sim, a Paris. Lembro. Apetece-te croissants, é..?
- Não. O cadeado..
- O quê..?
- O cadeado! Aquele com as nossas iniciais..
- O que é que tem..?
- Está lá na ponte. Fechado. A trancar o nosso amor..
- …QUE JÁ NÃO EXISTE!
- Eu sei. Mas temos de lá ir..
- Ir onde?
- A Paris..
- Estiveste a beber?
- ..tirar o cadeado…
- Estiveste a fumar?
- ..não vá a ponte cair com o peso de um amor que já não existe.
- Vai dormir. A sério.
- Às 9 passo em tua casa.
- Estás doido. Para irmos a Paris, é..?
- Não. À Decathlon.
- Quê? Fazer o quê?
- Comprar um fato de mergulho.
- Oi?
- Para eu ir ao rio Sena.
- Han?
- Apanhar a chave do cadeado. Nós atiramo-la fora, lembras-te?
- (…)
- Raquel..?
- (…)
- Desligou.

Moral da história: as Raquéis são umas insensíveis.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Dos Cafés

Cafés, bicas e cimbalinos. Cheios, curtos, cariocas e italianas, sem princípio (cafés mal formados), em chávena mergulhada nas águas geladas da Antártida, em chávena aquecida (nas pernas de uma virgem), pingado (normalmente com duas gotas de sangue da tal virgem), com cheirinho (eu gosto do meu com Emporio Armani), abatanados, duplos (que fazem os trabalhos mais difíceis), fortes, fracos, com pau de canela ou gotas de limão. São todos uns maricas com o café, até ao dia em que são “vocês” que têm que o tirar. Aí basta enfiar uma cápsula qualquer, numa máquina qualquer e carregar num botão qualquer para um café qualquer sair para um copo qualquer, não é?

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Web Summit

Não fui à WEB SUMMIT, mas estive a fazer um BENCHMARK e resolvi escrever este PITCH, aqui nos meus HEADQUARTERS, após um processo de BRAINSTORMING. Na verdade não estou à espera que gere grande AWARENESS entre os meus FOLLOWERS, mas é só para ver se aparece por aí alguma jeitosa que seja mesmo o meu TARGET! Agora que atingi o BREAK-EVEN, tenho BUDGET para lhe fazer um g’anda BRIEFING. Ouvi dizer que é TRENDY e estou farto de recorrer ao OUTSOURCING das vacas do trabalho (COWORKING). Vou analisar os vossos PROFILES ao detalhe. A DEADLINE? Assim que acabar de fumar esta JOINT VENTURE, vamos fazer NETWORKING. Na horizontal.

Negação pré-natalícia

O estado de negação pré-natalício inicia-se mais ou menos dois meses antes do gordo descer pela chaminé. Quando começam a aparecer as primeiras decorações nas lojas, algures no fim de Outubro, a reacção é "O QUÊ?! JÁ?! MAS ESTÁ TUDO DOIDO?!". Depois vai-se prolongando, gradualmente, ao longo das semanas seguintes. As árvores de Natal nos Shoppings, seis semanas antes do Natal, levam ao tradicional "ÁRVORES DE NATAL JÁ? MAS AINDA ESTAMOS EM NOVEMBRO!!". Um mês antes do Natal, as luzes invadem as ruas e as montras (a sério!) e começa-se a ponderar a possibilidade de ir à arrecadação buscar a árvore. Surge pela primeira vez a convicção de que, mais cedo ou mais tarde, "TENHO QUE PENSAR NAS PRENDAS..!". Três semanas antes do Natal, o primeiro "Feliz Natal!" na rua, ao que apetece responder com um amável "FELIZ NATAL MAS É O C$%&HO!", que ainda mal começou Dezembro. Entretanto a Mariah Carey já grunhe em todo o lado. Aparecem anúncios na televisão ao "Sozinho em Casa" e ao filme em que o Schwarzenegger anda à procura de um boneco de plástico para oferecer ao filho. Faltam agora 15 dias. "AI AS PRENDAS..!" Uma semana para o Natal e "AINDA NÃO COMPREI NADA!" Vai ficar tudo para a última outra vez. Como não era suposto acontecer, mas acontece todos os anos. "Se calhar compro só uns chocolatinhos e 'tá a andar!". É véspera de Natal. De manhã. Já cheira a fritos. Vamos lá então fazer as compras. E é só porque as lojas fecham à hora de almoço. Caso contrário, ainda adiávamos tudo mais umas horas.

domingo, 30 de julho de 2017

Flamingos. Flamingos everywhere..

Há uma série de questões que me inquietam sobre aquelas bóias cor-de-rosa da moda. Os flamingos, sabem?
- Aquela merda enche-se à boca? Se quisermos ir de férias em Agosto, convém começar a bufar lá para dentro quê..? Em Março..?
- É verdade que se picarmos a peida do flamingo com uma agulha, ou se o furarmos com uma beata de cigarro, ele levanta voo?
- Porque é que é “trendy” montar um flamingo insuflável, mas montar uma boneca insuflável é “pervert”?
- Qual foi o segredo para os flamingos, de um ano para o outro, passarem de “fazer presenças nos topos dos bolos de casamento” a “passar o Verão de molho na piscina cheios de gajas boas ao colo”? 
- O que é que vai acontecer aos flamingos no fim do Verão? Vão para abate? Ou também dão para tirar selfies no poliban?

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Umbrella Sharing

Há muita tensão debaixo dos guarda-chuvas. Sobretudo quando as pessoas que os partilham têm alturas diferentes. É que há dois tipos de pessoas: os desgraçados que o levam e vão com uma mão gelada, e os chicos-espertos que não usam, mas que têm a lata de se colar a eles e ainda de se irem a queixar que vão a apanhar com alguns pingos no focinho ou a levar com varetas na boca. Dá vontade de fechar o guarda-chuva de repente e cravar-lhes com aquele bico de metal no meio dos olhos. E deixá-los ali. Na rua. A sangrar. Devagarinho.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Viagem de Finalistas a Torremolinos

Estavam 23 finalistas num quarto de hotel em Espanha a ver televisão e a beber chá, como é normal acontecer nestas ocasiões. De repente a televisão, talvez por causa do pó, começa a sobreaquecer e a deitar fumo. O grupo de finalistas, preocupado, divide-se: uns vão buscar extintores ao corredor e disparam-nos, enquanto outros pegam na televisão e levam-na, naturalmente, para a banheira, para lhe darem um duche frio que a ajude a arrefecer. Com a azáfama que se gerou, o bule do chá entorna-se em cima da cama, molhando o colchão. Os estudantes, mais uma vez preocupados, atiram o colchão pela janela para que possa secar ao sol durante todo o dia seguinte.
Mas as pessoas gostam é de dizer mal.

quinta-feira, 16 de março de 2017

Do Outfit

Sais de casa todo pipi para ir dar trinta voltas: não encontras ninguém conhecido.
Sais de casa em fato de treino, despenteado, só para ir despejar o lixo, e encontras: a boazona do 4º andar, uma reunião de condomínio no hall do prédio, três comerciais da MEO, NOS e Vodafone, as senhoras da empresa de limpezas, uma gaja boa a fazer jogging, um amigo do secundário, dois Hélderes, um conhecido a passear o cão, dois gajos de uma empresa de mudanças com uma grua à porta do prédio, um estafeta da Telepizza, uma gaja a meter publicidade no correio, gajos a entregar compras do Continente num camião, os gajos da manutenção dos elevadores e uma tuna.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

São Valentim vs Nazis da Gramática

Porque os nazis da gramática também merecem amar. <3
<3
- Princeza, hoje é o noxo dia!
- É. Mas o da Língua Portuguesa não deve ser hoje..
- Amote muito bebé!
- Mas o corrector ortográfico não te ama a ti..
- Estás assim por que estás com saudades..
- Tal como esse "por" e esse "que". Estão tão afastados que devem sentir a falta um do outro..
- Como é? Agente vai jantar hoje ao sushi?
- Escreves tão mal, que o "agente" devia era ir prender-te a casa.
- Ai desculpe lá se não escrevo tão bem como voçê..!
- Ao jantar podias comer era essa cedilha. Com batatas.
- Senão vieres jantar comigo, escusas de me voltar a falar.
- Se não aprenderes a escrever, escusas de me voltar a falar.
- Olha, vai há merda!
- *à