Esbardalhei o meu veículo na semana passada. Foi de manhã. Não me apetecia ir trabalhar naquele dia e então optei por afiambrar o meu bolinhas contra um jipe que vinha da direita. Sim, da direita. Sim, a culpa foi minha! Parem lá com isso se faz favor. E escusam de me olhar com esse ar de julgamento: até parece que nunca vos aconteceu o mesmo..
A parte mais engraçada da história, além do preenchimento da declaração amigável cuja dificuldade na interpretação da mesma se assemelha à de resolver um cubo de Rubik com o pénis, veio da parte das pessoas que me telefonaram. A primeira coisa que me perguntaram foi sempre se estava tudo bem com.. o carro. Até a minha mãe, porra. "Claro, mãe. Por amor de Deus, não te preocupes comigo. Quem andou nove meses a dar cambalhotas no teu ventre foi o Corsa, não fui eu..!"
E pronto, agora ando a pé que me fo.. que me lixo. Ontem bem queria ter ido para o Marquês festejar a vitória na Taça, mas tive receio de me meter pela A1 a pé, só com um cachecol do Sporting ao pescoço e seis latas de cerveja na mão: é que um indivíduo como eu, sem roupa, àquela hora, na berma da autoestrada, é coisa para provocar choques em cadeia.
Entretanto, após na marca me terem feito um orçamento cujo valor da reparação do carro obrigava a que me fosse prostituir duas vezes por semana até ao Natal (de 2038), decidi levá-lo a outra oficina. O senhor com quem falei pôs a mão no queixo, olhou para o carro, e foi repetindo "Ah isto é tudo barato..!", ao que me apetecia responder-lhe: "Ainda bem. Então arranje lá isso que eu já ando aí com ela fisgada para malhar também a traseira de uma Ford Transit.."
E pronto. Assim vai a minha vidinha. Há quem vá para o ginásio, há quem faça jogging.. a minha cena é mais, em chegando o Verão, espatifar o carro para me obrigar a andar a pé. Respeitem.