segunda-feira, 9 de junho de 2014

Dar pérolas a porcos

Porquê este título no post, perguntam vocês.
Primeiro que tudo, porque é estúpido em si mesmo. Ninguém dá pérolas a porcos. Seria estúpido abordar um leitão para lhe dizer que lhe vamos enfiar um espeto de ferro do cu à boca, mas que lhe compramos um colarzinho de pérolas para atenuar o sofrimento, e para que fique mais bonito enquanto está a dar voltas a assar. A única forma de um porco ter em sua posse uma pérola, é se entrar por uma marisqueira a dentro e desatar a mamar ostras de empreitada. E mesmo assim não é certo que aconteça. Mas pronto, já me perdi. 
Este título vem a propósito do (suposto?) cancelamento do programa "Melhor do que Falecer", da TVI. Eu confesso que não sou particular entusiasta de tudo o que o Ricardo Araújo Pereira faz (e diz), mas a verdade é que meter um programa dele no horário nobre de um canal em que o público-alvo está habituado ao humor "Batanete" e do "Prédio do Vasco", é em si mesmo "dar pérolas a porcos". 
Quem segue com relativa proximidade o trabalho do RAP, facilmente percebe que o MQF surgiu quando se introduziu numa Bimby um bocadinho de "Gato Fedorento" e um bocadinho de "Mixórdia de Temáticas", se seleccionou 5 minutos/Varoma/Velocidade 3, e voilá.
Por isso, não era necessário ser um génio para perceber que a equação "Público do Gato Fedorento + Público das Manhãs da Comercial  Público que está à espera das Telenovelas da TVI."
Imaginem uma senhora de 80 anos, numa aldeia do interior, a ver pessoas a atirarem-se de cima de um prédio no episódio piloto, ou a ouvir a teoria de que deveria ser construída uma via para ciclopes (ciclopevia) em Lisboa, quando a única coisa que lhe interessa saber é se o Padre da "Belmonte" vai abandonar a paróquia por amor a uma miúda de 25 anos.

18 comentários:

  1. Eu não sou um velhinho à espera da novela das 21h, e não acho piada nenhuma ao programa, como já referi no meu blog. De resto, acho que quem está a dar pérolas é a TVI, e o porco é o Ricardo, ou não lhe estivessem a pagar 600€ por minuto para uma coisa sem piada nenhuma (para mim, claro).

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    1. Verdade. Se os valores forem mesmo esses, é um crime.

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  2. Nunca vi o programa, mas como fã da Mixórdia e dos Gatos, acho que era bastante previsível por os motivos que acabaste de dizer :) o povo quer é os malucos do riso de volta...

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    1. Mesmo. Humor para as massas dá mais audiência, e audiência gera mais dinheiro. E no fundo é o que importa nos dias de hoje. :|

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  3. Já fui mais fã do RAP (os bons velhos tempos de Gato Fedorento da Sic Radical já lá vão... e não voltam) mas tenho que concordar contigo. Não aprecio propriamente o trabalho que este está a fazer neste seu novo programa (do pouco que vi) mas é, de facto, um tiro ao lado e a TVI já devia saber isso. Verdade seja dita, os espectadores vêem o que lhe derem para ver e, com mais ou menos tempo, é domesticado e, se as televisões quisessem, Portugal estava a vibrar com cultura... MAS... há coisas que dão demasiado trabalho. Venham daí mais temporadas de Batanetes que é o que este país precisa!

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    1. Nem mais Rui, é mesmo isso. E uma vez que a Cultura não dá audiências como o Entretenimento, vá lá ainda não terem acabado com a RTP2....!

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    2. A Cultura daria audiências se a TV só passasse cultura, da mesma maneira que a m*rda dá audiências quando a TV só passa m*rda. O povo come o que lhe derem, as televisões é que não querem ter trabalho a mudar a programação. Atenção: eu não sou nada contra o entretenimento não cultural, pelo contrário...MAS há limites.

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  4. Nunca apanhei esse programa, gostava de ter visto. Para poder dar a minha sentença!
    Em relação à mixordia de temáticas, gosto! e faz-me rir...
    E eu preciso de rir, senão fico nervosa e começo a falar mal ....

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    1. Sim. Teres mau feitio 24h por dia seria dose. Não chegavas aos 50 anos! :P

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  5. o (teu) desconstruir do dar-pérolas-a-porcas foi uma pérola de prosa.
    gostei (mesmo) desse parágrafo.
    quantos aos gato fedorento no geral e ao rap no particular, há, para mim, um antes e um depois da publicidade: fizeram-me rir, e muito; agora nem por isso.

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    1. Estamos em sintonia, éme. Na parte dos Gato Fedorento, claro. A outra parte fez-me ficar vermelho! :) Obrigado!

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  6. E aqui confirmo que o meu instinto de achar que o teu amigo tem razão, está certo. Vai em frente com o portefólio(?) :)))

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    1. Não incentives...! Olha que eu vou...! E depois, se correr mal, a culpa é tua e da Maria Varredora..!

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  7. Coitado do RAP... subaproveitado.

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    1. Completamente, S. Mas dá-me ideia que ele não se deve importar muito.
      P€rc€b€$ não p€rc€b€$...?

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  8. Eu gostava dos Gato Fedorento, mas sempre achei que o RAP era sobrevalorizado, pelo menos em relação aos outros, não que não tivesse qualidades, mas era RAP a mais. O que se passa agora, para além de serem públicos diferentes (as tais velhinhas que estão à espera da novela), é que é só RAP. É RAP nas manhãs, é RAP à noite, é RAP nos anúncios do meo, enfim it´s too much RAP, e o que é demais enjoa. E já agora, minha opinião, o programa dele de falecer, não tem piadinha nenhuma. Só ganha quando comparado à morte, por aí até se compreende o título.

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    1. Sai um like para o teu comentário, Maria! É mesmo isso: "too much RAP"!

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  9. Eu gosto muito do humor de Ricardo Arújo Pereira, mas esse programa não tinha o mínimo interessa. Primeiro, porque repetiu inúmeras piadas da mixórdia de temáticas e segundo, porque o horário em que era emitido não fazia qualquer sentido.

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